segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Drummondiando por volta de 1930

Nasci com ares de poeta gauche,
é o que estou a lhe dizer...
isolada no íntimo do meu ser:
Queira, por favor, algum anjo torto me guiar?
Numa direção para o meu pensamento...
que não quer mais pensar
e rouba-me a noite a atormentar,
na lucidez de idéias em que está.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Te falo em essência...

Incontestáveis olhos de menina.
Me fazem crer no melhor em mim.

Almejo essa tua capacidade de enxergar.
Sabes tudo aquilo que transparece aos teus olhos.
Unicamente.

Incontroláveis esses teus olhos.
São curiosos e me olham sem medo.
Tola sou eu ao subestimá-los.

Inalcansáveis são os meus, os meus olhos...
Não te deixam olhar. Te inibem!

Faz parte da vida.
E um dia entenderás.

Certos olhos só querem os impossíveis.
Isso vale para os meus também.

Perdão por não permiti-los.
Não me cabem por hora...
Unicamente e só.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Em Mi maior

A música que me toca
por suas mãos
numa corda de violão
que soa a nota mais grave
numa escala de pausa para quem...

(respira)

É o mais acelerado dos compassos
que pulsam no meu peito de viola nua,
sem cordas, nem mãos,
só notas sem som.

Diz para mim em melodia
a poesia dos teus lábios
que me afogam em pensamento.

Afina meu desejo destoado,
inconstante até em tom.
Apaixonado pelo teu som.

domingo, 30 de maio de 2010

Ponto.

De você não sei mais nada.
Fui te perdendo como estrela que não brilha...
Coisa tua! Que mal sabes...
a estrada que ora trilhas.

O que era nosso nem era tanto.
E tanto beijo a tua boca me queimava!
Coisa minha, de quem espera...
naquela vida que me agradava.

Dito isto, por uma vez e ponto!
Que fique claro que não falo de amor!
O que me fascina não me preenche
e se preenche é pura dor.

Nos meus passos não há mais espaço,
para o que de agrado era na verdade a ti.
Há nada além do que a sede de ser...
parte toda, não metade de mim.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Nostalgia

A madrugada me remete sempre a mesma sensação. Estou com sede de beber a vida, a vida, a longos tragos, como de um divino vinho de Falerno. Absorver cada gotícula dessa minha passagem na estrada de Damasco, o meu caminho. Reviver cada instante que aderiu ao meu corpo de vinho forte e me fez ser mais que a sombra de uma sombra, por entre tanta sombra igual a mim! Quero voltar!
Estou saudosa em sentir os infinitos grãos de areia sob meus pés numa caminhada que percorria Leblon e Arpoador (isto pelo mais ingênuo prazer de fazer aquele trajeto, não que eu ainda não o faça, ou venha fazê-lo novamente, mas não é mais parte de uma rotina diária tão severamente cumprida). Estou com saudades das festinhas em Santa Teresa na casa de Dani, saudades daquelas noites viradas, das risadas em torno de um narguilé, arrisco dizer até que sinto saudade das ressacas do vinho degustado naquele terraço. Sinto falta das empadas do Antônio's na Lapa, das Quartas-feiras no Galeria Café em Ipanema e das batucadas de pandeiro. Sinto falta das Sextas-feiras pós Outback com a Marcele, nosso lugar cativo nas areias do Leblon, um cigarro de menta e uma Aquarius Fresh de limão. Sinto falta das Segundas-feiras com a Carol, das nossas conversas e afagos na orla de São Conrado, da nossa cumplicidade desmedida. Saudades de comer no japonês com a Luiza, saudades das garrafas de saquê num sushi aqui na Barra da Tijuca, saudades da linda vista do Kotobuki e até mesmo dos diversos "Konis" espalhados nos aredores de Botafogo. Saudades loucas da macarronada da Naira e de beber, digo...BEBER na casa da Isabella. Sinto muita falta das loucuras minha e de Brígida pelo Rio de Janeiro, dos ingressos de shows colados na agenda, de não medir gastos quando o assunto era música, música brasileira. Saudades de Moska, Chico César, Lenine, Dois quartos, Samba Meu e Canecão. Estou com saudades do amor de menina, amor à primeira vista ou à primeira música ouvida. Saudades contínuas dos meus amores platônicos, dos que se perderam e dos que ainda vivem em mim.
Oh! Que saudades que tenho da aurora da minha vida...

"A estrada de Damasco, o meu caminho,
O meu bordão de estrelas de ceguinho,
Água da fonte de que estou sedenta!"

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

(revira)voltas

corriqueiras são as reviravoltas,
que vêm correndo e voltando à tona, revirando o coração.
sem demora revigoram o ego e volatilizam qualquer senão...
daquele tempo bom, que agora,
revira e volta.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

"Na próxima semana"

Vou te convidar para um vinho, naquele lugar que tanto gosto de falar e te incitar a conhecer. Como sempre você irá pedir para que eu faça a escolha. Na verdade é assim para tudo, você que sempre pede para que eu decida aonde vamos, ou o que comemos. Não sei porque pedes se sempre faço a tua vontade. Entetanto, se trantando da escolha da garrafa, pareço fazer questão. Gosto de te impressionar com meu conhecimento -deveras limitado- sobre enogastronomia. Porém, que me faz sentir por um momento, à sua altura.
Irei optar pelo Gran Malbec, corpo perfeito, um vinho untoso com bom equilíbrio de taninos e um longo final à boca. Vou te sugerir também que acompanhe uma carne vermelha. Você dirá que é perfeito e sorrirá para mim. Talvez não seja a primera vez que te convido para tal plano, aliás costumamos nos convidar às vezes não é? E também como de costume damos risadas, risadas longas, risadas de canto de boca também. Já te falei o quanto gosto do teu sorriso?
Enfim, é que dessa vez será diferente. Vou te convidar só para contar! Creio que desconfies, pois te confundo bastante. Gosto de dialogar sobre minhas aventuras e meus amores platônicos, que você jura se interessar. Dessa vez quero contar-te sobre você. Vou falar desses teus olhos de única clara cor, desse teu cheiro, que parece aderir à minha pele, cada vez que toca a sua. E esperarei somente o esboçar do teu sorriso para me declarar.
Então irei gritar para você a minha paixão, o meu tesão e meu amor. Que a tanto tempo gritei só para mim. Contudo, temo que não queiras ouvir meu grito e prefiras as risadas de sempre. E temo também que eu não queira gritar, já por temer o seu "não querer ouvir" de sempre.
Sabe... acho que também prefiro as risadas. Através delas posso ver seu sorriso.
Melhor eu não te convidar. Mas olha, não fiques triste. Vou esperar que me convides para mais risadas de canto de boca, sei que convidarás. Sei que gostas de rir comigo. Melhor assim. Convido você outro dia, então. Quem na próxima semana, não é?
Deixa que hoje eu grito sozinha.